As relíquias de Santa Teresinha cumprindo sua missão

As relíquias: o que são

Etimologicamente relíquia significa “resto” “fragmento”. As relíquias são objetos físicos que estão associados diretamente com Nosso Senhor Jesus ou com os santos. Elas podem ser de três classes ou graus: 1º – o corpo ou fragmentos do corpo; 2º – algo que pertenceu ao santo; 3º – objetos que o santo tocou ou foram tocados por uma relíquia de 1º ou 2º grau.
A origem da veneração das relíquias
Já no II século da era cristã, os cristãos costumavam recolher e venerar as relíquias dos mártires, fiéis discípulos do Senhor Jesus. Era tradição da Igreja nos primeiros séculos de se construir templos sobre o túmulo de um santo, como, por exemplo, a Basílica de São Pedro ou a de São Paulo, construídas junto às relíquias destes dois grandes apóstolos.

A Bíblia

Nas Escrituras Sagradas encontramos passagens que nos falam de curas efetuadas pelo poder de Deus através do corpo de Eliseu ou de toques em objetos dos apóstolos, conforme 2Re 13,20-21; Mt 9,20-22; At 5,15; e At 19,11-12. Mas as relíquias não possuem nenhum poder próprio. É Deus quem as usa como meio, sobretudo para a fé. De outro lado o povo, que reconhece a santidade de quem viveu naquele corpo ou tocou aqueles objetos, ao venerá-los, manifesta seu respeito, reconhecimento da sua intercessão e o desejo de imitá-los na fé.

As relíquias de Santa Teresinha

Santa Teresinha nasceu no dia 2 de janeiro de 1873 em Alençon, na França, e morreu no mosteiro das Carmelitas Descalças de Lisieux no dia 30 de setembro de 1897. A partir dos escritos que deixou e que rapidamente se espalharam, ficou celeremente conhecida no mundo todo. Em 1925 foi canonizada pelo Papa Pio XI e em 1927 foi proclamada patrona de todas as missões da Igreja, juntamente com São Francisco Xavier. A devoção à santa cresceu muito nos tempos que vão entre as duas guerras mundiais. O Brasil acolheu caloroso a espiritualidade desta santa, a ponto de ter os primeiros templos erigidos no mundo em sua honra (Rio de Janeiro e Taubaté). Além disso, por meio de um padre jesuíta francês que veio para o Brasil, muito devoto da santa, antes mesmo de sua canonização, e que mantinha uma assídua correspondência com as irmãs do Carmelo de Lisieux, chamado Pe. Henri Rubillon, a pedido das irmãs, foi oferecido, depois de uma campanha liderada pelo padre, um relicário artístico feitos no Brasil, para que pudesse conter os restos mortais da santa.

Início das peregrinações das relíquias

Em 1944 a França se vê livre do domínio nazista alemão. Neste ano Santa Teresinha foi proclamada padroeira secundária da França. Unindo os dois fatos os bispos pedem às irmãs do Carmelo que a “urna do Brasil” na qual tinham sido depositados os restos mortais de Santa Teresinha, peregrinem por três dioceses francesas: Paris, Dijon e Marsaille. Não se esperava muito destas visitas, mas, contrariando as expectativas, as relíquias atraíram multidões. Diante disso as outras dioceses daquele país começaram a pedir a visita, o que ocorreu nos anos seguintes.
Em 1997 a Igreja celebrou o 1º centenário da morte da santa das rosas, como Santa Teresinha é conhecida e neste ano, no dia 19 de outubro, ela foi proclamada doutora da Igreja pelo Papa São João Paulo II. Pela primeira vez as relíquias saíram do país e foram ao Vaticano. Neste mesmo ano, dom Lucas Moreira Neves, arcebispo de Salvador da Bahia, primaz do Brasil, presidente então da CNBB, solicitou às irmãs de Lisieux que as relíquias visitassem o Brasil. As irmãs, diante de tal pedido, temerosas de enviarem para tão distante o corpo de Santa Teresinha, resolveram colocar num 2º relicário, cópia daquele que o Brasil doara, que passou desde então a chamar-se “relicário peregrino”, o fêmur da perna direita e o pé direito da santa, inspiradas no desejo dela de “percorrer a terra e anunciar o nome de Jesus”. Participou deste momento, como representante da Santa Sé, padre Fernando Guimarães, brasileiro, hoje arcebispo emérito do Ordinariato Militar do Brasil e ex-bispo de Garanhuns.
O Brasil foi o 2º país a receber as relíquias (1997 a 1998) e o primeiro a receber o relicário que, a partir de então, percorre o mundo, até hoje, ininterruptamente. Naquela primeira visita as relíquias visitam quase todas as dioceses. O relicário voltará ao Brasil em algumas ocasiões a pedidos privados.

A visita das relíquias em 2024

Neste ano de 2024, à distância de 27 anos da primeira visita, o provincial dos Carmelitas Descalços, Frei Emerson Oliveira, por ocasião da comemoração de três centenários de Santa Teresinha, a saber: os 150 anos de seu nascimento (02 de Janeiro – 1873 – 2023); os 100 anos de sua beatificação (29 de abril de 1923 – 2023 ) e os 100 anos de sua canonização (17 de maio 1925 – 2025), solicitou a Lisieux a visita, tendo como solicitante oficial o bispo de Bauru, dom Rubens Sevilha, ocd, para percorrer todos os conventos de Carmelitas Descalços do Brasil, os mosteiros das Monjas Carmelitas Descalças e comunidades da Ordem Secular do Carmelo Descalço no país. Esta visita começou no dia 1º de fevereiro e concluiu-se no dia 19 de outubro de 2024. Santa Teresinha, com estas peregrinações de suas relíquias, no mundo e no Brasil, continua a cumprir sua promessa de que não passaria inativa o seu céu, mas faria chover sobre todos, uma chuva de rosas, uma chuva de graças, de modo que todos possam despertar para a infinita misericórdia do Senhor, que tanto nos ama, e todos possam amá-lo com os gestos da vida, simples e cotidianos.

Frei César Cardoso, ocd.

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